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Flemish Lands
© 2017-2018 Wilson Filho
Nankin sobre papel. A4.
Ink on paper.
CHAPTER II - THE PAINTER AND THE PHILOSOPHER
CAPÍTULO II - O PINTOR E O FILÓSOFO
Página 19: - Ei, Pier! / - Viemos pegar nossos
barris do mês. / Sabe... / Já estamos ficando sem
vinho no bosque. / Nos passe o que você tem,
agora! / -C-claro.
Página 20: - Perdón, señor. / - Hmm? / - Você não pode fazer
isso? / - Quê?! / - Você não pode levar o
vinho do sr. Pier. / - Ei! É melhor ficar
quieto! Você tem idéia de com quem você está lidando? / - Sim, eu tenho alguma
idéia: eu ouvi os rumores sobre um bando de ladrões imundos... / - O quê?! / - Vejam, esta garrafa
está quase vazia. Se vocês levarem os barris, eu não vou ter nada para beber... / - É? Então eu vou te dar
algo para beber, desgraçado!
Página 21:
Página 22: - Seu filho da... / - Jesus!!
Página 23: - Srta. Veerle... / ...Você sabe onde posso
encontrar o Domingo agora? / - Agora você deve
encontrá-lo no bar, perto da igreja. / - No bar às 9 da manhã...
Bem, esse é o Domingo! Irei lá. / Obrigado.
Página 24: - Não quero vê-los aqui
outra vez! / ¡Pedazos de mierda! / - Seu arrogante maldito! / Vamos embora, Rob! / Nós fomos derrotados! / - Ei, Domingo! / - Hm? / Gert! / Cara, você me achou! / Venha comigo ao meu
estúdio, Gert. / Você vai gostar de
conhecer o filósofo que estou retratando. / - Oh! Aquele é o viajante
de antes!
Página 25: De Lichte não vai gostar
disso. / - O que foi agora?! / - Desculpe, chefe! / - Estou tendo algum
tipo de deja vu? / O que está acontecendo
aqui? / Primeiro um viajante
atrevido. / Agora um cachaceiro
miserável!? / Não posso aceitar que
meus homens sejam espancados duas vezes em um dia!
Página 26: E você diz que os dois se
conheciam? / - Sim. Eu os vi
conversando. / E escutei que estavam
indo se encontrar com o filósofo. / - Filósofo? Oh, aquele
caçador maldito que vive dizendo que eu sou doido? / Ora, três inimigos
juntos... É uma grande oportunidade! / Estes homens não podem
continuar vivos depois de mexerem com a gente! / Rob... / Prepare nossos homens!
Nós vamos para Dikkele!
Página 27: - Então, Gert... / Você trouxe o que eu
encomendei? / - Sim. / Aqui está. / O livro “Iconologia”, de
Cesare Ripa. / Em italiano, pois não
encontrei a tradução espanhola. / - Ah... / - Alguns sacos de café... / E, o mais importante... / ...um saco de pó de lápis
lazúli. / - Lápis lazúli?
Página 28: Então este é o famoso
pigmento do azul ultramarino? / - Olaf! / Você vai usá-lo no meu
retrato? / - Ha! Vai sonhando! / É claro que não! / Este pigmento é muito
caro. / Eu só vou usá-lo em
alguns detalhes finais da pintura para a igreja. / Que, afinal, é a
principal razão de eu ter vindo para Dikkele. / Gert, este é o homem que
estou pintando. / Olaf van Eik. / Olaf, este é o mascate,
Gert de Gelder. / Ele pode ter alguma coisa
que você queira comprar.
Página 29: Acho que tenho água
quente e açúcar aqui. / Vou preparar para nós um
pouco deste café. / - Então, você é o mascate
que Domingo estava esperando! / Você veio de Amsterdã
para Dikkele só para fazer a entrega dele? / - Sim. Eu não me importo
de atravessar as terras de Flandres por um punhado de florins. / Você é um filósofo,
certo? / Eu tenho aqui alguns
livros que você pode querer. / - Hmm... / Vejamos... / Leibniz... este aqui
certamente é importante.
Página 30: Voltaire... os livros
dele são ótimos!... / Se você for um
adolescente! Ha, ha, ha! / Bem, pelo menos ele é
engraçado! / Hmm... Maquiavel e
Descartes. Atualmente estou escrevendo sobre esses dois... / Sabe de uma coisa? Tem
algo de errado com esses camaradas. / - Você quer dizer,
Descartes e Maquiavel? / - É, mas não só... / Há vários pensadores dos
últimos dois ou três séculos... / Que
se preocupam mais com as convenções acadêmicas do que em encontrar a verdade.
Página 31: Tanto que suas filosofias
acabam em algum absurdo desligado de suas experiências reais. / Quer dizer, o cara
escreve um manual de como governar o mundo e na realidade ele não consegue
governar nem sua própria vida... / Ha! Ha! É ridículo! / É por isso que me
mantenho numa distância profilática de qualquer cargo acadêmico. / - Então, você leciona por
conta própria? / - É claro! Exatamente
como fizeram alguns dos maiores filósofos. / Mas, já que Dikkele é uma
vila pequena, eu não tenho muitos alunos. / Daí eu ganho a vida como
caçador. / - Entendo. / - Bem, vamos beber e
depois podemos começar a trabalhar.
Página 32: Sabem como chamo isto? / “La bebida de los dioses”. / - É apropriado! He, he! / - E este aqui é o melhor
da Ilha de Java, eu lhes garanto! / - Oh, a propósito... / Gert, você tem um pouco
de tabaco para vender? / Seria ótimo depois desta
“bebida dos deuses”. / - É claro que tenho! / - Então vou comprar os
livros e um saco de tabaco e papel.
Página 33: - Vamos terminar isto
antes do meio-dia. / - Claro. / - Sr. Olaf...
Página 34: - Hmm? / - Eu conheci uma de suas
alunas quando estava vindo para Dikkele. / A srta. Veerle. Ela me
viu lutando contra uns bandidos que tentaram me roubar... / E me disse para tomar
cuidado com um certo Jan de Lichte. / Você poderia me falar
sobre esse cara? / - Você bateu neles todos,
Gert? / - Não, só em um. O resto
fugiu. / - Ha! Covardes! / Eu também gostaria de
saber sobre esse cara. / Eu já ouvi o Olaf falando
de De Lichte algumas vezes, mas na verdade ele nunca explicou a situação mais
do que brevemente... / - Bem, antes de tudo,
o homem é doido!
Página 35: Ele não passa de um
ladrão e assassino. / Mas ele se imagina como
uma espécie de herói! / Curioso, não é? / Esse é um tipo de
mentalidade que está se tornando comum hoje em dia. / Acho que tem alguma
relação com as correntes de pensamento francesas que estão tão na moda agora. / A idéia de que você é a
encarnação da justiça... / E que, portanto, tudo o
que você faz é legítimo... / Esse é um pensamento
perigoso! / Ainda mais quando aparece
na cabeça de alguém como Jan de Lichte. / Para começar, ele nasceu
em uma família de criminosos, em Velzeke, uma vila vizinha...
Página 36